12 de out. de 2012

O retrato de um conto VII

A passagem

Entrei quase sem fôlego naquela sala. Fechei a porta e sentei na poltrona mais próxima que encontrei. O silêncio tomou conta do ambiente, algo completamente diferente do que acontecia lá fora. Olhei em volta. E bem na minha frente vi um espelho que ia do chão ao teto, envolto numa moldura dourada, repleta de folhas em relevo. Levantei e me aproximei do espelho, chegando o mais perto que pude, até poder visualizar minha expressão cansada e envelhecida pelo passar dos anos. Os últimos três meses não foram os melhores da minha vida, mas isso não vem ao caso agora. O vestido que cobria meu corpo estava num caimento perfeito, meus cabelos soltos, uma franja levemente desfiada e uma maquiagem impecável. Mas o meu olhar estava triste, sem brilho, a decepção sorria para mim. Neste instante em que relembrava a cena que acabara de presenciar, senti um calafrio percorrer minha pele. Foi aí que percebi que a janela estava aberta. A lua iluminava a sala e, no seu brilho, percebi o contorno da sua imagem sorrindo para mim. Comecei a andar, desconfiada, em direção à janela, de onde você estendia sua mão para mim.
Eu vou... para onde quer que você vá.


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