18 de ago. de 2012

O retrato de um conto IV

Angústia

O olhar perdido na imensidão deste lugar. A visão fica turva, os olhos marejam. Estou perdida em meus pensamentos. O ar me falta, fico sufocada. Começo a andar em círculos. Uma multidão passa por mim, mas as pessoas não me veem. Estou só. Me distancio. Preciso fugir deste lugar, das pessoas, de mim. Caminho a passos largos e, quando percebo, estou correndo. O cansaço me domina. paro e sento no meio-fio de uma calçada qualquer. Uma chuva fina cai sobre mim. Minhas lágrimas se confundem com as gotas da chuva. Estou só mais uma vez.
Bem na minha frente, observo um telão onde são mostradas imagens que não faziam sentido algum para mim. Por um momento busquei o significado destas imagens. Só confirmei o que já sabia, não consegui associá-las a nada que tivesse ligação comigo. Não insisto, pois minha mente está enfraquecendo aos poucos. Tudo ao meu redor começa a girar. Sinto-me presa ao chão. 
Neste instante, percebo um vulto se aproximando, vindo ao meu encontro. Tudo está embaçado, mas, nesta noite chuvosa, eu consigo, aos poucos, reconhecer você. Seus passos tranquilos, sua expressão serena, meu coração disparado, minha respiração ofegante. Diante de mim, a sua imagem revela o que eu preciso ver neste momento. Tento me erguer sozinha, mas não tenho força o suficiente para tal. Com a sua ajuda, levanto. Nossos olhares se cruzam. Encontrei uma parte de mim que estava adormecida, com medos e receios. Caminhamos juntos. E, a partir deste (re)encontro, abandonei minhas amarras e mergulhei em um mundo de liberdade, pronta para viver, não mais sobreviver.
As imagens do telão? Eram de um filme excelente que assistíamos juntinhos, comendo pipoca e saboreando um refrigerante.


Nenhum comentário: