13 de nov. de 2011

Uma definição


Todos os poemas cabem em si e tem a cor que merecem.
Tem gosto eterno.
Sabor único.
Vírgulas que silenciam por tempo determinado.
Curvas.
Dribles.
Conversas ao pé do ouvido.
Fugas e esconderijos.
Todos os poemas são filhos.
Choram.
Esperneiam.
Batem pés e verbos.
Desobedecem.
Desarrumam a sala.
Brincam e dormem cedo, quando querem.
Todos os poemas amadurecem.
Crescem.
Ganham corpo.
Se perdem no tempo.
Todos os poemas doem, remoem almas e pontos.
E vertem mágoas, águas, olhos, pontes, caminhos e encontros.
E todo poema por mais adulto que seja, por mais livre que esteja, por mais nosso que pareça, tem dono.
E fica.
E fala.
E reconhece o seu ventre pelo faro, pelo lado de dentro.
Qualquer amor reconhece a sua alma, ainda que o corpo esteja desfigurado, trocado e falido.
Todos os poemas são filhos.
São íntimos.
E pressentem quando o caminho não é o de casa. 

(Priscila Rôde)

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